2ª Módulo da capacitação em projetos de carbono (Nov/2024)

ABCarbono: tudo o que você precisa saber sobre projetos de carbono em restauração

Pacto lança série para apoiar proprietários e organizações no desenvolvimento d projetos de carbono ligados à restauração da Mata Atlântica

Já está no ar a série “ABCarbono”, uma iniciativa do Pacto pela Restauração da Mata Atlântica para ajudar a entender melhor os projetos de carbono em áreas de restauração. Disponível nas nossas redes sociais e também para download, a série conta com vídeos explicativos produzidos pela Força-Tarefa de Carbono, que ajudam a desmistificar o tema de forma clara e acessível.

Além dos vídeos, você encontra um conjunto de cards interativos com mitos e verdades sobre projetos de carbono — um recurso prático para quem quer se aprofundar no assunto. 

E tem mais: você também pode conferir, em formato de entrevista, as falas de Adriana Kfouri, Marília Borgo e Fernando Cesário, todos da The Nature Conservancy e integrantes da Força-Tarefa de Carbono. Confira:

Por que o Pacto quer falar sobre projetos de carbono?

Adriana Kfouri: A gente no Pacto definiu alguns caminhos para poder fomentar a restauração por meio do carbono. O primeiro é trazer a conscientização sobre o que é carbono, fazer esse letramento sobre carbono e projetos de carbono. Então isso é muito importante para que a gente evite projetos mal intencionados de carbono nas regiões, principalmente com os proprietários rurais, que muitas vezes são iludidos por promessas de ganho de dinheiro fácil com projetos de carbono.

O que é um projeto de carbono?

Adriana Kfouri: Bom, o projeto de carbono é aquele projeto em que a gente faz a restauração e por meio da restauração você valoriza os serviços ecossistêmicos dessa restauração. O que são os serviços ecossistêmicos? São aqueles serviços que a floresta presta, então pode ser, por exemplo, regulação hídrica, pode ser o sequestro de carbono, pode ser biodiversidade. E a gente então, no mercado de carbono, valora o ativo “carbono” e dessa forma a gente pode fazer uma negociação desse ativo que pode ajudar a gente a promover restauração.

Qual a importância das Capacitação em projetos de carbono promovidas pelo Pacto?

Adriana Kfouri: E a gente também precisa ajudar os nossos parceiros a se colocarem nos diversos papeis que a gente tem quando a gente atua no mercado de carbono. Então, essas capacitações são bem importantes para trazer essas informações sobre carbono/mercado de carbono/projetos de carbono para que cada organização possa se enxergar nessa nova cadeia, nessa nova economia. E então a gente tá fazendo essas capacitações, a gente formou mais de 40 organizações e cada organização vai lá fazer a sua proposta internamente, seja para propor projetos de carbono, seja para atuar na cadeia dos projetos de carbono, de forma que cada um tenha o seu papel, cada um possa ter benefícios a partir a partir dos projetos de carbono e a gente possa escalar a restauração.

Quais os benefícios em fazer projetos de carbono aliados à restauração?

Adriana Kfouri: O projeto de carbono traz um retorno financeiro que a gente usa exatamente para investir nos projetos de restauração. Então ele é um mecanismo interessante pra gente fomentar a restauração e conseguir ter um recurso que paga essa restauração. E se a gente junta essa venda de carbono que traz um recurso junto a outros recursos que a gente tem utilizado para restauração, a gente acredita que consegue ganhar escala e acelerar a restauração na Mata Atlântica. 

O projeto de carbono precisa ser encaixado num planejamento de paisagem. Quando você implementa um projeto de restauração para carbono você está conectando fragmentos, ampliando os corredores de biodiversidade. Então a gente promove a melhora da biodiversidade no local, a gente trabalha com segurança hídrica, também, restaurando áreas importantes para produção de água, e qualquer área que a gente restaura faz essa melhoria na questão climática porque está sequestrando carbono. Mas para além desses benefícios, a gente também tem um benefício muito importante que é o benefício social, porque por meio do carbono a gente consegue também gerar renda, quando a gente trabalha um projeto de carbono com equidade, em que um proprietário é o maior beneficiado. E isso pode ser tanto um benefício da própria restauração quanto um benefício financeiro ou uma assistência técnica para propriedade rural.

O que são salvaguardas para projetos de carbono?

Marília Borgo: São aquelas prerrogativas ou aquelas condições colocadas pela instituição que está propondo o projeto para garantir que o que está sendo desenvolvido de atividade não afete negativamente pessoas, biodiversidade e clima. As salvaguardas num projeto de carbono são importantes para garantir a integridade do projeto, para garantir que ele está revertendo, de fato, benefícios múltiplos sem afetar negativamente toda a cadeia envolvida no projeto. 

O que a gente sempre sugere para esse estabelecimento de salvaguardas é que elas sejam descritas em um documento e que esse documento seja revisitado frequentemente para garantir que novas condições e arranjos apareçam e possam ser incluídos e devidamente tratados.

Como começar um projeto de carbono?

Fernando Cesário: Hoje, grandes empresas acabam emitindo muitos gases de efeito estufa para a atmosfera. Esses gases fazem o planeta aquecer de uma forma geral. Então essas empresas precisam pagar por essa poluição que fizeram. E elas podem fazer isso através do crédito de carbono. Esse mercado funciona da seguinte maneira: por exemplo, podemos fazer um projeto de carbono com uma área florestal. A gente pode plantar árvores e ao longo do tempo essas árvores vão remover carbono que está disperso na atmosfera. Essas empresas que então emitiram esse carbono podem comprar esses créditos neutralizando as suas emissões. 

Propriedades pequenas: é mais interessante que se unam e trabalhem juntas para fazer um projeto de carbono. Quando você tem uma propriedade muito pequena, muitas vezes o volume do crédito que você vai gerar, o potencial da sua fazenda, é pequeno. Mas ele se torna maior quando você tem várias propriedades juntas.”

“Então em 5 passos, vou dizer como você faz um projeto de carbono:”

“Primeiro você precisa de uma boa ideia. Você vai escrever onde vai fazer o seu projeto, como você gostaria de fazer o seu projeto, e que tipo de projeto você fará. 

Em segundo lugar, você precisa fazer um estudo de viabilidade. Você quer fazer um projeto de carbono, mas seu projeto de carbono é viável, realmente? Os custos do seu projeto vão cobrir o preço da venda do seu crédito de carbono? 

Em terceiro lugar, você vai precisar que alguém certifique este seu projeto, ou seja, que ele passe por normas, que ele esteja todo dentro de regularidades. Isso a gente geralmente faz com certificadoras, que são como grandes cartórios. 

O quarto passo você vai passar por uma auditoria, ou seja, depois que você estabelecer todo o seu projeto, o que você vai fazer, como você vai gerar os créditos, como você vai certificar, e mais, o seu plano de monitoramento, você vai passar por uma auditoria e uma validação.
E finalmente você vai certificar o seu projeto, você vai colocar o seu projeto pro mundo inteiro ver, pra que as pessoas estejam aptas a comprar o seu crédito que carbono.” 

Quais cuidados devem ser tomados ao se fazer um projeto de carbono?

Fernando Cesário: Agora atenção, proprietários! Existem muitos “cowboys verdes” que chamamos hoje: pessoas que estão mal intencionadas nesse mundo do mercado de carbono. 

Você que é produtor rural precisa ficar atento se um projeto tem boa equidade. O que significa isso? A distribuição dos créditos, a venda dos créditos está acontecendo de forma equitativa entre quem está vendendo crédito e o crédito que está ficando pra você, produtor rural? Esse projeto de carbono está registrado? Passou por uma auditoria? Tem confiança no mercado? E terceiro, produtor, você tem que verificar se a empresa que está fazendo esse contrato com você vai garantir um monitoramento e estrutura ao longo de todos os anos. Um projeto de carbono geralmente é feito em muitos anos. Então é preciso saber se a empresa ou parceiro que está fazendo contrato com você tem estrutura para garantir esse projeto durante muito tempo em equidade com você.

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